
A nova política de taxação imposta pelos Estados Unidos a produtos importados já cobra um alto preço da economia catarinense. Em Ipumirim, no Oeste do estado, o tradicional Grupo Ipumirim, com mais de 60 anos de história, foi obrigado a conceder férias coletivas emergenciais a 500 funcionários. É a primeira vez que a empresa toma essa medida fora do período habitual, sinalizando um cenário crítico para o setor.
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O grupo, que exporta molduras, pallets e portas, tem como principais clientes empresas norte-americanas. Com o chamado “tarifaço de Trump”, os importadores dos EUA suspenderam compras e cancelaram embarques, levando a produção à estagnação.
“Os clientes nos Estados Unidos não estão mais permitindo o embarque das mercadorias. Eles também pararam de comprar. Isso nos colocou em uma posição difícil, onde a única saída no momento foi dar férias coletivas”, afirmou a empresa em nota.
Além dos 500 colaboradores diretamente afetados, a paralisação impacta mais de 150 prestadores de serviços, como transportadoras e equipes de manutenção, totalizando pelo menos 650 pessoas com suas rotinas alteradas.
Abimci alerta para colapso generalizado
A situação não é isolada. A Abimci (Associação Brasileira da Indústria de Madeira Processada Mecanicamente) soou o alarme: o setor madeireiro está à beira do colapso, especialmente na região Sul, que concentra cerca de 90% da produção nacional.
“Só para os Estados Unidos exportamos cerca de US$ 1,6 bilhão em 2024. Muitos contratos estão sendo cancelados, embarques suspensos. A insegurança tomou conta do mercado”, informou a entidade.
Segundo a associação, algumas empresas já dependem 100% do mercado americano, e o temor é que o efeito dominó leve a uma onda de demissões e paralisações definitivas.
Setor pede ação diplomática urgente
O Grupo Ipumirim apelou por uma solução diplomática rápida entre os governos do Brasil e dos EUA. “Entendemos que este é um momento delicado, mas acreditamos que, juntos, superamos qualquer desafio”, diz a nota oficial da empresa.
A FIESC (Federação das Indústrias do Estado de SC) também reagiu. Para o presidente Mario Cezar de Aguiar, a medida compromete diretamente a competitividade catarinense:
“Outros países concorrentes podem pagar tarifas muito menores. A indústria de SC está sendo penalizada.”
Com fábricas parando, contratos rompidos e empregos ameaçados, o impacto do tarifaço de Trump já é uma realidade dura no chão das indústrias de Santa Catarina.