PF acusa Bolsonaro de violar restrições do STF com mais de 300 mensagens e articulação em “milícias digitais”

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Foto: Jovem Pan/Reprodução

A Polícia Federal concluiu que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) descumpriu reiteradamente as medidas cautelares impostas pelo STF (Supremo Tribunal Federal) ao continuar disseminando mensagens políticas e vídeos por meio do WhatsApp, mesmo após estar proibido de utilizar redes sociais.

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Segundo o relatório final entregue à Corte, Bolsonaro encaminhou mais de 300 conteúdos usando celulares de terceiros, com ataques ao ministro Alexandre de Moraes e convocações de apoiadores para manifestações. Com base nesses elementos, a PF indiciou o ex-presidente e o deputado licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) pelos crimes de coação no curso do processo e tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito.

Conteúdo e articulação em rede

Os investigadores apontam que as mensagens incluíam falas de apoio de autoridades estrangeiras, como Donald Trump, além de vídeos em defesa de Bolsonaro. A prática seguiu o padrão das chamadas “milícias digitais”, com ampla difusão em diversos canais e participação de lideranças públicas para legitimar as mensagens.

Parte da articulação teria contado com orientação do pastor Silas Malafaia, também investigado por suposta liderança nas ações do grupo. Malafaia nega envolvimento, mas está submetido a medidas cautelares, como a retenção do passaporte e restrições de contato com outros acusados.

Episódios e consequências

O relatório descreve episódios específicos, entre eles a solicitação feita pelo deputado Capitão Alden (PL-BA) para que Bolsonaro enviasse um áudio a manifestantes em Salvador. Após hesitar, o ex-presidente acabou participando de uma ligação que foi transformada em vídeo e distribuída em redes de apoiadores. Para a Justiça, o ato representou uma violação direta das restrições impostas e resultou na decretação da sua prisão domiciliar em 4 de agosto.

A PF também apontou movimentações financeiras suspeitas envolvendo Eduardo Bolsonaro e a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro. Segundo os investigadores, as transferências ocorreram em datas próximas a depoimentos prestados à corporação, levantando suspeitas de tentativa de obstrução e de proteção patrimonial diante do risco de bloqueios judiciais.

Defesa e próximos passos

A defesa de Bolsonaro afirmou ter recebido com “surpresa” o indiciamento e negou que o ex-presidente tenha descumprido medidas judiciais, reforçando que todas as alegações serão esclarecidas dentro do prazo estabelecido pelo STF.

O julgamento de Bolsonaro e outros sete investigados, apontados como núcleo central da suposta trama golpista, está marcado para 2 de setembro no Supremo Tribunal Federal.




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