Pesquisadores da UFSC identificam espécies de peixes mais antigas que a própria ilha onde vivem

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Foto: L.A Rocha/Reprodução

Pesquisadores da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina) identificaram 44 espécies de peixes recifais endêmicos, ou seja, que só existem em um único lugar do planeta, em três ilhas remotas no meio do Oceano Atlântico. O estudo foi publicado nesta quarta-feira (16) na prestigiada revista britânica Proceedings of the Royal Society B e contou com a colaboração de cientistas da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), da USP (Universidade de São Paulo) e da DTU (Universidade Técnica da Dinamarca).

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Os dados revelam que duas dessas espécies aparentam ser mais antigas que a própria ilha de Ascensão, uma das localidades analisadas, cuja origem geológica é estimada em cerca de um milhão de anos. As demais ilhas estudadas foram São Pedro e São Paulo e Santa Helena, todas situadas na Dorsal Mesoatlântica, cadeia de montanhas submarinas que abriga ecossistemas pouco conhecidos.

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Foto: Ferrari Et Al/Reprodução

Ao todo, essas ilhas concentram 169 espécies de peixes recifais. A partir de análises moleculares e filogenéticas, os pesquisadores reconstruíram rotas evolutivas e padrões de dispersão de 88 dessas espécies. Quarenta e quatro foram confirmadas como endêmicas, destacando a importância ecológica da região.

O estudo, liderado pela pós-graduanda Isadora Cord e pelo professor Sergio Floeter, do Departamento de Ecologia e Zoologia da UFSC, mostrou ainda que parte dessas espécies pode ter se originado em locais muito distantes. Mais de um terço dos peixes exclusivos dessas ilhas teria vindo do Atlântico Leste, enquanto 11% têm origem no Oceano Índico.

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Foto: Sergio Floeter/Reprodução

Entre os fatores que explicam essa dispersão estão características como ovos pelágicos, que permanecem flutuando por semanas, e a capacidade de aderir a troncos, algas e outros materiais flutuantes, facilitando longas travessias oceânicas. Esses peixes também costumam ser maiores e habitar profundidades elevadas, o que aumenta sua adaptabilidade em ambientes remotos.

“Ilhas como essas são hotspots de endemismo e nos ajudam a entender como a vida marinha se espalha e evolui”, explica Isadora Cord. “Mas são também ecossistemas frágeis. Cada espécie perdida representa uma peça insubstituível do quebra-cabeça evolutivo”, alerta.

O professor Sergio Floeter destaca que ainda há muito a ser explorado. “Os ambientes recifais mesofóticos dessas ilhas, entre 80 e 120 metros de profundidade, são uma nova fronteira de pesquisa. Estão fora do alcance do mergulho convencional e podem abrigar espécies ainda desconhecidas da ciência”, afirma.

O estudo recebeu financiamento do CNPq, da California Academy of Sciences e do projeto europeu Mission Atlantic (Horizonte 2020). O artigo completo está disponível no site da The Royal Society.




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