General admite no STF autoria de plano que previa assassinato de Lula, Alckmin e Moraes

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Foto: Internet/Reprodução

O general da reserva Mario Fernandes, ex-secretário executivo da Secretaria-Geral da Presidência no governo Jair Bolsonaro (PL), admitiu nesta quinta-feira (24) ao STF (Supremo Tribunal Federal) ser o autor do chamado plano “Punhal Verde e Amarelo”, que, segundo a Polícia Federal (PF), previa o assassinato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), do vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e do ministro do STF Alexandre de Moraes.

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Durante o interrogatório, Fernandes afirmou que o plano era apenas um “pensamento” pessoal, digitalizado como parte de um “estudo de situação”. Ele negou ter compartilhado o conteúdo com terceiros. “Esse arquivo digital nada mais retrata do que um pensamento meu que foi digitalizado. Um compilar de dados, um estudo de situação meu, uma análise de riscos que eu fiz e, por costume próprio, resolvi digitalizar. Não foi apresentado a ninguém e nem compartilhado com ninguém”, declarou.

O general também reconheceu ter impresso o documento, alegando que a impressão foi feita apenas para facilitar a leitura, mas afirmou tê-lo rasgado em seguida.

Investigado por tentativa de “golpe”

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Foto: BBC/Reprodução

Fernandes foi preso em novembro de 2024 durante uma operação da Polícia Federal que investiga a existência de um plano articulado por militares para impedir a posse de Lula. Ele é apontado como um dos nomes mais radicais do grupo e teria influência direta em acampamentos organizados após a derrota de Bolsonaro nas eleições de 2022.

De acordo com a PF, o plano previa a utilização de armamento pesado e o envenenamento das autoridades. Os crimes estavam programados para o dia 15 de dezembro de 2022, três dias após a diplomação do presidente eleito pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral). A ideia era instaurar, supostamente, um “Gabinete Institucional de Gestão da Crise” no dia seguinte.

As investigações também apontam que três cópias do documento teriam sido impressas dentro do Palácio do Planalto. Minutos depois, Fernandes teria ingressado no Palácio da Alvorada, onde estavam o ex-presidente Jair Bolsonaro e o então ajudante de ordens, tenente-coronel Mauro Cid.

A PGR (Procuradoria-Geral da República) questionou a impressão em múltiplas vias e uma reimpressão um mês após a primeira versão. Fernandes afirmou que não se recorda de múltiplas impressões e atribuiu o fato a uma “configuração da impressora”. Sobre a nova versão, disse que a reeditou após ter “uma nova ideia”.

Envolvimento com o governo Bolsonaro

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Foto: Internet/Reprodução

General de brigada da reserva, Mario Fernandes iniciou a carreira militar em 1983 na Academia das Agulhas Negras (AMAN) e chefiou o Comando de Operações Especiais entre 2018 e 2020. Após ir para a reserva, foi nomeado secretário-executivo do ministro Luiz Eduardo Ramos na Secretaria-Geral da Presidência e chegou a chefiar a pasta interinamente. Durante reunião no Planalto, em julho de 2022, participou de discussões sobre estratégias golpistas.

Posteriormente, atuou como assessor do deputado Eduardo Pazuello (PL-RJ), ex-ministro da Saúde. A PF afirma que Fernandes estava entre os articuladores mais ativos da tentativa de golpe e que incentivava ações das Forças Armadas para impedir a posse do presidente eleito.

Mauro Cid, em delação premiada, confirmou que Fernandes era um dos generais que mais pressionavam por uma intervenção militar no processo democrático.




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