
Santa Catarina, reconhecida por sua diversidade cultural e gastronômica, é também um celeiro da agricultura familiar no Brasil. Com mais de 180 mil propriedades rurais administradas por famílias, o estado vem valorizando seus pequenos produtores através de feiras e mercados locais que conectam diretamente o campo à mesa do consumidor. Esses espaços não apenas movimentam a economia regional, como também ajudam a preservar tradições centenárias, modos de produção sustentáveis e o fortalecimento das comunidades.
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Cultura e economia de mãos dadas
Presentes em praticamente todas as regiões do estado, do litoral à serra, as feiras de produtores locais oferecem muito mais do que frutas, verduras e alimentos frescos. É comum encontrar pães coloniais, queijos artesanais, embutidos caseiros, geleias, conservas, mel, vinhos e até itens de artesanato. Tudo isso com o selo da tradição, muitas vezes transmitida de geração em geração.
“Quando eu vendo o que eu planto, sem atravessador, eu valorizo o meu trabalho e mostro para o cliente a importância da produção local”, conta Dona Iraci, produtora rural de São Joaquim, que participa há mais de 15 anos da feira municipal. “Tem gente que vem só pra comprar o pão de batata doce que a minha mãe já fazia no tempo dela”.
Valorização da produção local

De acordo com a Epagri (Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de SC), 70% dos alimentos consumidos em Santa Catarina vêm da agricultura familiar. Com o aumento da busca por alimentos orgânicos e de procedência conhecida, as feiras têm se tornado espaços cada vez mais valorizados por consumidores atentos à saúde, ao meio ambiente e à economia local.
Em cidades como Florianópolis, Joinville, Chapecó, Lages e Blumenau, projetos das prefeituras e cooperativas têm fortalecido os mercados locais com infraestrutura, capacitação e incentivo à certificação dos produtos. Algumas iniciativas contam com parcerias com instituições como UFSC, IFSC e SEBRAE, além de financiamento via programas estaduais.
Tradição, sustentabilidade e acesso
Além da venda de alimentos frescos, as feiras também funcionam como espaços de convivência e educação alimentar, promovendo oficinas, rodas de conversa e apresentações culturais. “Nosso objetivo é resgatar a conexão entre quem planta e quem consome. A feira é um espaço de troca, afeto e identidade cultural”, destaca Ana Paula Ritter, nutricionista e pesquisadora em políticas públicas de alimentação.
Outra característica das feiras é a sustentabilidade. A produção em pequena escala costuma utilizar menos defensivos agrícolas, valoriza a agroecologia e respeita a sazonalidade dos produtos. Isso contribui diretamente para a saúde do solo, da água e do ecossistema como um todo.
Calendário fixo e apoio institucional

Em diversas cidades catarinenses, as feiras já fazem parte do calendário oficial de eventos, com dias e horários fixos e apoio logístico das prefeituras. Em Florianópolis, por exemplo, o programa “Feira da Agricultura Familiar” está presente em mais de 15 bairros, com cerca de 120 produtores cadastrados.
Com o fortalecimento dessas iniciativas, cresce também a valorização do saber popular e a autoestima do produtor rural. Para os consumidores, é a chance de adquirir produtos frescos, saudáveis e saber exatamente de onde vêm seus alimentos.