
O ex-diretor do NEIM (Núcleo de Educação Infantil Municipal) Nossa Senhora de Lurdes, Pedro Henrique Cardoso, contestou as acusações da Prefeitura de Florianópolis de que teria se omitido diante de uma denúncia de abuso infantil cometido por um professor na creche.
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Em posicionamento enviado ao Grupo ND, ele afirmou ter tomado providências desde o primeiro relato feito por uma mãe, ainda em fevereiro deste ano, e acusou a gestão municipal de ter ignorado o caso.
A exoneração de Pedro foi anunciada na sexta-feira (4), sob a justificativa de que ele não havia comunicado uma outra denúncia de abuso sexual no início do ano, feita pela família de um aluno.
Segundo a Prefeitura, ele teria sido informado da suspeita em fevereiro, mas apenas transferiu a criança de turma, sem comunicar as autoridades competentes.
No entanto, o ex-diretor disse que atendeu ao pedido da mãe, tomou medidas internas de precaução, teria contado o caso para a Diretoria de Educação Infantil da prefeitura e seguiu monitorando a conduta do professor suspeito.
Segundo Pedro, a situação era incerta na época e por isso a família decidiu não registrar um boletim de ocorrência. “A família não tinha certeza se era verdade ou não, e deixou claro que não queria levar o caso adiante”, relatou.
Diretor exonerado acusa a prefeitura de ter sido omissa no caso de abuso infantil
Ele também disse que, ao surgir uma segunda denúncia no início de junho, procurou a família do caso anterior e orientou formalmente o registro do boletim de ocorrência.
Pedro afirma que agiu com cautela diante de uma situação complexa, típica do ambiente de educação infantil, onde há contato físico necessário, como nas trocas e banhos. “Em nenhum momento fui omisso”, defendeu-se.
A fala do ex-diretor contrasta com a versão da prefeitura, que classificou como omissiva a conduta dele por não ter formalizado a denúncia desde o primeiro relato. A gestão municipal abriu um PAD (processo administrativo disciplinar) e nomeou uma nova diretora para assumir a unidade.
“A administração municipal reafirma que, assim que recebeu a primeira denúncia sobre os casos envolvendo o professor preso nessa semana, encaminhou para a Polícia Civil. A Secretaria [de Educação] está realizando a escuta das famílias das crianças vitimizadas e atuando em parceria com a Polícia Civil na apuração rigorosa dos fatos, reforçando o compromisso com a proteção da infância”, manifestou a prefeitura no último sábado (5).
Pedro, que é servidor concursado e estava na direção há três anos, disse que a resposta da Diretoria de Educação Infantil foi de desdém e sugere que a conduta reincidente do investigado poderia ter sido evitada com uma resposta mais firme da administração.
“Mesmo eu avisando sobre o caso, eles banalizaram a situação, falando que isso acontece em todas as unidades e que não devemos nos abalar com isso”, afirmou.
A reportagem do ND Mais procurou a prefeitura e a Diretoria de Educação Infantil para para comentar as falas do ex-diretor, mas não retornou ao pedido até o momento da publicação. O espaço segue aberto.
Pais protestam contra a exoneração do diretor
A exoneração de Pedro gerou forte reação entre pais, professores e a comunidade escolar, que o consideram uma “liderança responsável e atuante”.
Durante uma reunião na última sexta-feira (4), famílias manifestaram indignação com a retirada do diretor, apontando que ele foi o primeiro a apoiar as vítimas e a pedir o afastamento do professor acusado de abuso infantil.
Pais relataram ainda que a creche ficou por semanas sem qualquer apoio institucional da prefeitura, mesmo após o caso vir à tona. Um protesto contra a exoneração do diretor está marcado para esta segunda-feira (7). A creche deve paralisar temporariamente as atividades.
Com informações de ND+.