Consumo de peixe na Páscoa exige atenção com higiene, preparo e conservação

Consumo de peixe na Páscoa exige atenção com higiene, preparo e conservação
Foto: Imagem Ilustrativa/Freepik

A Páscoa é um período marcado pelo aumento no consumo de peixes e frutos do mar, tanto por motivos religiosos – já que, para muitas pessoas, a abstinência de carne vermelha na Sexta-Feira Santa é uma prática tradicional – quanto por fatores culturais e sazonais.

Pratos como bacalhau, salmão, tilápia e mexilhões ganham destaque nas mesas brasileiras, o que reforça a importância de entender os benefícios desses alimentos e, também, atentar-se quanto aos cuidados necessários para evitar riscos à saúde.

Os peixes são ricos em nutrientes essenciais, como ômega-3, vitamina D e proteínas de alta digestibilidade, que contribuem para a saúde cardiovascular, cerebral e digestiva. Entre as principais vantagens do consumo de pescados, destaca-se a redução do risco de doenças cardiovasculares, entre elas o AVC (acidente vascular cerebral).

Paulo Reis, médico gastroenterologista do Idomed  (Instituto de Educação Médica), ressalta que o consumo de peixes e similares é um aliado à boa saúde e na prevenção a doenças degenerativas, como o Mal de Alzheimer.

“Existem trabalhos mostrando que ele (o peixe) pode aumentar a massa cinzenta cerebral e proteger da deterioração do cérebro associado à senilidade e ao Alzheimer. Ajuda a prevenir e combater a depressão, reduz o risco de doenças autoimunes, incluindo diabetes tipo 1, pode ajudar a prevenir asma em crianças, ajuda a proteger a visão dos mais idosos e pode melhorar a qualidade do sono”, comenta Paulo.

No entanto, o período pascal também levanta um alerta a casos de intoxicação alimentar relacionada ao consumo de pescados malconservados ou preparados de forma inadequada. O bacalhau, por exemplo, exige dessalgamento correto para não sobrecarregar o organismo com sódio em excesso, enquanto frutos do mar como ostras e camarões devem ser extremamente frescos para evitar contaminações bacterianas.

Os perigos do peixe malconservado ou malpreparado

Apesar dos benefícios, o consumo de peixe em condições inadequadas pode levar a intoxicações alimentares graves. A má conservação ou o cozimento insuficiente favorecem a proliferação de bactérias e toxinas, causando sintomas como dor abdominal, diarreia, náuseas, vômitos e febre. Em casos mais severos, a desidratação provocada por esses quadros pode exigir hospitalização, principalmente em crianças, idosos ou pessoas com imunidade comprometida.

“Para todos os alimentos, não só para o peixe, o estado de conservação, onde você compra, a textura, tudo isso é importante, e os riscos são justamente a intoxicação”, alerta Paulo Reis. “Dependendo do grau de intoxicação, da quantidade ingerida, pode levar quem ingeriu esse tipo de peixe para um hospital”, comenta.

A escolha do peixe deve ser criteriosa: textura firme, olhos brilhantes, guelras vermelhas e odor suave são indicativos de frescor. Locais de venda com boa higiene e procedência conhecida reduzem os riscos. Períodos como Páscoa, Natal e verão registram aumento nos casos de intoxicação devido ao maior consumo de pescados, muitas vezes adquiridos sem os devidos cuidados.

Alerta para frutos do mar

Ostras, camarões e outros frutos do mar merecem atenção especial, pois deterioram-se rapidamente e podem conter metais pesados quando provenientes de águas poluídas. Intoxicações por esses alimentos tendem a ser graves, com sintomas agudos. A dica é consumi-los apenas em estabelecimentos confiáveis e descartar qualquer porção com cheiro forte ou aspecto alterado.

“O consumo neste período de frutos do mar, de crustáceos e moluscos é mais elevado. Então tem que ter muita atenção, principalmente com a ostra e camarão, que são frutos do mar que têm uma deterioração muito alta. Além da intoxicação por metais pesados, então tem que ter cuidado quando comer. A procedência é o principal. Na dúvida, é melhor não consumir, porque a intoxicação por esses tipos de alimentos é um quadro muito agudo, bem desagradável e prejudicial”, finaliza o gastroenterologista Paulo Reis.




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