
A dragagem do Canal da Barra, em Florianópolis, finalmente saiu do papel e avança em ritmo considerado satisfatório pela Secretaria Municipal de Infraestrutura. A intervenção, iniciada na última segunda-feira (30), era uma demanda antiga de moradores, pescadores e empresários da região da Lagoa da Conceição, que enfrentavam sérias dificuldades de navegação devido ao assoreamento do canal.
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Os trabalhos ocorrem diariamente, das 6h às 18h, com monitoramento em tempo real por GPS e fiscalização direta da Prefeitura. A previsão é de que a obra seja concluída ainda no mês de julho, caso as condições climáticas não comprometam o andamento.

Segundo o secretário de Infraestrutura, Rafael Hahne, a meta é finalizar os serviços em até 20 dias úteis. “Em média, são 12 horas de trabalho por dia. Se não houver percalços, concluímos tudo neste mês”, afirmou.
A dragagem prevê a abertura de 510 metros de extensão, com 20 metros de largura e cerca de dois metros de calado (profundidade de escavação). Atualmente, há trechos com menos de 90 centímetros de profundidade, o que tem causado constantes encalhes de embarcações, especialmente durante a maré baixa.
Ação conjunta entre público e privado
A operação é fruto de uma articulação entre a Prefeitura de Florianópolis e a ACIF (Associação Comercial e Industrial de Florianópolis), que mobilizou recursos da iniciativa privada para viabilizar o projeto. A entidade também acompanha a execução por meio de sua estrutura de governança.
“Essa dragagem é resultado de um esforço coletivo entre a sociedade civil, o Poder Público e a iniciativa privada. É uma resposta direta às necessidades da comunidade e ao desenvolvimento sustentável da economia local”, destacou o presidente da ACIF, Célio Bernardi.
Comunidade comemora início das obras
Para os moradores da Barra da Lagoa e da Costa da Lagoa, a dragagem representa mais do que uma obra de infraestrutura: é a retomada de uma identidade ligada à água, ao transporte por barcos e à pesca artesanal.

“É um alívio. A gente precisava sair em comboio para se puxar caso algum barco encalhasse”, conta o pescador José Frutuoso Góes Filho, o Zequinha, de 80 anos, que pesca na região desde os 14.
Hamilton Fernandes, empresário do setor náutico e morador da região, vê a obra como um marco. “A falta de navegabilidade prejudicava toda a economia do mar. Agora temos a chance de recuperar restaurantes, hotéis e passeios que dependem da lagoa viva”, afirma.
Benefícios ambientais
Além dos impactos econômicos e sociais, a dragagem também contribui para a renovação das águas da Lagoa da Conceição, melhorando sua qualidade e oxigenação, como destaca o presidente do conselho comunitário da Barra da Lagoa, Gilson Bittencourt.
“A água do mar entra com mais facilidade e se mistura com a da lagoa, o que melhora a saúde ambiental do ecossistema. Isso também favorece a biodiversidade e os próprios pescadores”, explica.
A obra possui todas as licenças ambientais exigidas, como a LAP (Licença Ambiental Prévia) e a LAI (Licença Ambiental de Instalação), além de autorizações da Capitania dos Portos e da SPU (Secretaria do Patrimônio da União).