
Com a chegada do inverno, unidades de saúde em todo o Brasil registram um aumento significativo nos casos de bronquiolite, uma infecção viral que afeta principalmente crianças de até dois anos de idade.
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Dados recentes da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) indicam um crescimento de 110% nos casos de SRAG (Síndrome Respiratória Aguda Grave) em crianças de zero a quatro anos entre fevereiro e março deste ano, com o VSR (Vírus Sincicial Respiratório) sendo o principal agente identificado.
A bronquiolite é causada principalmente pelo VSR, responsável por até 80% dos casos da doença em crianças menores de dois anos. A infecção inflama os bronquíolos, pequenas vias aéreas dos pulmões, dificultando a respiração. Os sintomas iniciais incluem coriza, tosse e febre baixa, mas podem evoluir rapidamente para chiado no peito, respiração acelerada e dificuldade para mamar ou dormir.
Em resposta ao aumento dos casos, o Ministério da Saúde incorporou ao SUS (Sistema Único de Saúde) duas novas tecnologias para prevenir complicações causadas pelo VSR: o anticorpo monoclonal nirsevimabe, indicado para proteger bebês prematuros e crianças de até dois anos com comorbidades, e a vacina recombinante contra os vírus sinciciais respiratórios A e B, aplicada em gestantes para proteger o bebê nos primeiros meses de vida. Estudos indicam que a vacinação de gestantes pode prevenir aproximadamente 28 mil internações anuais.
Segundo Carmen Elias, pediatra e docente do Idomed (Instituto de Educação Médica), além do reforço à infraestrutura hospitalar, o enfrentamento à bronquiolite também depende da conscientização das famílias. “Os ambientes devem ter uma boa ventilação e a higiene de objetos e superfícies têm que ser rigorosas. Durante os meses mais frios, os adultos podem limitar / evitar o contato de bebês com pessoas gripadas. É de extrema importância manter o aleitamento materno exclusivo, que é fundamental nesta prevenção”, comenta a pediatra.
De acordo com a especialista, as creches e os espaços de convivência infantil deverão adotar protocolos de prevenção, com treinamento de educadores para identificar sinais de agravamento, evitando surtos e encaminhando os pequenos casos ao atendimento adequado o quanto antes. Para ele, a atuação conjunta entre famílias, escolas e profissionais de saúde é determinante para reduzir a pressão sobre o sistema e salvar vidas. Na visão dela, a caderneta de vacinação atualizada é a melhor forma de prevenção.
O SUS também oferece atendimento gratuito, exames e suporte hospitalar para casos mais severos de bronquiolite. Em 2024, foram realizados mais de três milhões de atendimentos relacionados a infecções respiratórias infantis, número que tende a crescer nos próximos meses com a intensificação do inverno