Filhotes de lontra são reintroduzidos na natureza na Lagoa do Peri em ação para preservar espécie ameaçada

Filhotes de lontra são reintroduzidos na natureza na Lagoa do Peri em ação para preservar espécie ameaçada
Foto: Andy Puerari/PMF

Duas lontras da espécie Lontra longicaudis foram reintroduzidas na natureza na última quarta-feira (4), em uma ação realizada no Monumento Natural Municipal da Lagoa do Peri, no Sul da Ilha, em Florianópolis.

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A iniciativa, que busca fortalecer a população de uma espécie ameaçada, foi conduzida pelo Instituto Ekko Brasil/Projeto Lontra em parceria com o Grupo Oceanic e contou com a supervisão de órgãos ambientais como IBAMA, IMA (Instituto do Meio Ambiente de Santa Catarina) e Floram.

Com cerca de oito meses de idade, os filhotes, um macho e uma fêmea, são filhos de Nanã, lontra resgatada ainda bebê em 2016 pela Polícia Ambiental sob a Ponte Hercílio Luz. Ela foi encontrada tentando mamar no corpo da mãe que, de acordo com a necropsia, morreu por traumatismo craniano em decorrência de agressões. Lucky, pai dos bebês, foi entregue voluntariamente para um zoológico e, posteriormente, encaminhado ao projeto.

As lontras estão na lista vermelha da IUCN (União Internacional para a Conservação da Natureza), o que torna ainda mais urgente a implementação de ações de reforço populacional na natureza. A espécie sofre com a perda de habitat, a poluição dos rios e a caça ilegal, fatores que reduziram significativamente suas populações em várias regiões do país.

“Percebemos que nos últimos anos a quantidade de lontras que a gente avista aqui na Lagoa já é menor do que há 20 anos atrás. Então, a estratégia é dar oportunidade a esses animais que estão nascendo dentro do nosso refúgio de viverem uma vida livre. Esse é o nosso grande sonho,” destaca a Educadora Ambiental do Projeto Lontra, Elisa Brod Bacci.

A reintrodução de lontras em áreas estratégicas contribui para a recuperação da biodiversidade e o equilíbrio dos ecossistemas aquáticos, onde elas atuam como predadoras de topo. Além disso, sua presença funciona como um indicativo da qualidade ambiental de rios e matas ciliares. Proteger a lontra é também proteger a saúde dos ambientes naturais e fortalecer a convivência sustentável entre fauna, flora e comunidades.

A Médica Veterinária, Priscila dos Santos Esteves, explica que os filhotes – por terem o perfil ideal para soltura – foram educados desde cedo para a vida livre. “A lontra é um animal que tem um vínculo muito forte com seus filhotes e quando ficam órfãos criam um vínculo muito forte com a gente. No caso dos animais que estamos soltando, eles são nascidos em cativeiros, porém o vínculo que tiveram foi exclusivo com a mãe.” Ao contrário da mãe, os filhotes que nascem sob cuidados humanos desenvolvem características mais adequadas para a readaptação ao ambiente natural, o que eleva as chances de sucesso no processo de soltura.

“A soltura desses animais no MONA da Lagoa do Peri hoje representa o esforço e o trabalho de diversas pessoas ao longo de 44 anos para tornar esse ambiente protegido, preservado e saudável para esses indivíduos de uma espécie tão sensível e ameaçada,” explica Mariana Hennemann, Chefe de Departamento das Unidades de Conservação da Floram.

Depois de serem soltas na natureza, as lontras serão monitoradas in loco por meio de armadilhas fotográficas, observações de campo e análise de vestígios como pegadas, fezes e marcações odoríferas – métodos que ajudam a identificar os hábitos da espécie e a avaliar sua adaptação ao novo ambiente. Na região da Lagoa do Peri, já foram mapeadas sete tocas utilizadas por lontras.

O acompanhamento também se estenderá aos corredores ecológicos, que conectam fragmentos de vegetação nativa e garantem o fluxo da fauna e flora locais. Caso os animais deixem a Lagoa do Peri – comportamento natural da espécie, que é nômade – isso será visto como um avanço importante, um indicador de boas condições de adaptação e um caminho para novas solturas na região.




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